quinta-feira, 29 de julho de 2010

O fim-de-semana da liberdade

A vantagem de vir para uma cidade com mais portugueses é que, fora do trabalho, nos primeiros tempos, quando ainda não conhecemos ninguém, nunca estamos sozinhos.
Ainda em Portugal, disseram-me que teria de arranjar vários programas e aproveitar para viajar bastante porque "ninguém fica em São Paulo ao fim-de-semana". É mentira! Talvez por estarmos no inverno e não haver demasiado calor, dois dias por semana não chegam para tudo aquilo que gostava de fazer fora do estágio. A cidade tem feirinhas de artesanato por todo o lado, há locais obrigatórios para experimentar sucos, pastéis, empanadas, sushi, guiozas, feijoada, churrasco, pizza, caldo de feijão, brigadeiros... e são muitos. Há a Óscar Freire, com as suas lojas caríssimas e lindas, a 25 de Março, cheia de contrabando e onde se encontra tudo, mas mesmo tudo, a preços muito apetecíveis, a Benedito Calixto e as suas antiguidades, com telefones de disco de todas as cores, bobines e claquetesde cinema, a Liberdade, onde podemos sair de São Paulo e entrar no Japão, apenas a uma estação de metro de distância do centro da cidade.

Por aqui, o fim-de-semana começa logo à sexta-feira por volta das 17:30. É dia de Happy-Hour! Toda a gente sai mais cedo do escritório em direcção ao boteco mais próximo para beber cervejas e descontrair depois de uma semana de trabalho. E, no meu caso, as ordens vêm de cima. Ainda não era 17:30 e um dos directores já nos estava a chamar para baixo. Foi o primeiro a chegar à esplanada e a guardar mesa para todos. Depois de algumas caipirinhas de frutas e umas coxinhas de frango, o director mostra o porquê do cargo que ocupa. Veio uma cachaça de pimenta para a mesa e, depois de ter passado pelos lábios de todos e ninguém ter coragem sequer para dar um gole, o Sr. Director vira o copo de shot sem sequer pestanejar. Mais tarde, veio outro copo para a mesa e vai de shot outra vez. Ficou ali provado porque é que é ele o director.
O Happy-Hour acabou às 3h da manhã em Vila Madalena e é claro que no sábado chibatei-me 20 vezes por ter acordado depois das 13h e não ter aproveitado nada da manhã.

Como sempre por aqui, para a noite já havia muitos planos: uma peça de teatro (que ainda bem que não fui porque um dos actores desmaiou em palco e o espectáculo foi cancelado), jantar com os portugas nas gordurosas sandes de pernil do Estadão, que já se tornou um clássico, e o muito aguardado concerto do Tom Zé no Comitê.
O concerto foi muito bom, o lugar maravilhoso e a companhia não podia ser melhor.

Domingo foi dia de mergulhar no Japão. Combinei com o Pedro, o meu colega de estágio, ir almoçar à Liberdade. Por lá, juntámo-nos ao Jorge (Inov) e à namorada, que tinham trazido a Fernanda, uma amiga de Rio Grande do Sul.
Comemos sushi até cair, comprámos espetadas de morangos banhados com chocolate numa banca da rua, provámos sumo de gengibre, bolos de feijão... regateámos preços de depiladoras e máquinas de barbear, pusemos tiras de papel coloridas penduradas em árvores com os nossos desejos, vimos um concerto de uma banda de metal japonesa, que só toca os genéricos dos animé (a música do Pokemon foi o auge), vimos a actuação de dança de uma tribo urbana de miúdos que se vestem como os animé... andámos, andámos, cheirámos os vapores dos wooks espalhados por toda a parte, passámos por centenas de japoneses que só sabem falar brasileiro e nunca pisaram o Japão na vida.

No final do dia, antes de irmos para casa, saímos da confusão da Liberdade e fomos beber uma cerveja à Augusta (a rua dos bares e dos restaurantes, que já nos conquistou aqui em São Paulo).
Numa mesa com 5 portugueses, uma brasileira e uma espanhola, o Jorge levantou o copo e num brinde encerrou a maravilhosa tarde de domingo: "à liberdade!".

1 comentário:

Catarina disse...

Viva a Liberdade, Viva o director, as melhoras para o actor, e aumentem o fim-de-semana, porque 2 dias não chega para a Rita e os amigos viverem em S. Paulo =) *